
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. O uso de medicamentos para emagrecimento deve ser feito somente com prescrição e acompanhamento médico. A automedicação pode causar efeitos adversos e riscos à saúde.
Quando a semaglutida entrou em cena, muita coisa mudou no jeito de tratar – e entender – a obesidade. Mas foi o Wegovy, formulado especificamente para perda de peso, que virou protagonista desde sua chegada ao Brasil em 2024.
Se você caiu aqui pesquisando, provavelmente quer respostas diretas:
O que diferencia o Wegovy das outras versões de semaglutida? Como essa dose atua no organismo? E por que 2,4 mg virou o “padrão ouro” nos estudos clínicos?
Vamos destrinchar isso de forma simples e baseada em evidências.
Antes de tudo: o que exatamente é o Wegovy?
O Wegovy é a versão da semaglutida aprovada pela ANVISA para quem tem obesidade (IMC ≥ 30) ou sobrepeso com doenças associadas (IMC ≥ 27).
É também a única forma do medicamento com dose final de 2,4 mg, desenvolvida desde o início para controle de peso, diferente do Ozempic, cuja indicação principal é diabetes tipo 2.
A aprovação inclui:
- adultos com obesidade;
- adultos com sobrepeso e comorbidades;
- adolescentes a partir de 12 anos, sempre com avaliação médica.
Ou seja: não é um medicamento de acesso livre. Depende de consulta, diagnóstico e prescrição.
A pergunta que todo mundo faz: por que chegar até 2,4 mg?
A dose final não é escolhida ao acaso. Ela é o fim de uma escada chamada titulação, em que o corpo vai se adaptando de forma gradual.
O avanço típico é assim:
0,25 mg → 0,5 mg → 1 mg → 1,7 mg → 2,4 mg
Por que isso importa? Porque:
- reduz o risco de efeitos colaterais;
- melhora a tolerabilidade;
- permite chegar à dose que realmente entrega o efeito completo.
Nos estudos clínicos da série STEP, a dose de 2,4 mg foi a que atingiu as maiores taxas de perda de peso, com média entre 15% e 17% do peso corporal em 68 semanas — sempre acompanhada de mudanças de estilo de vida.
Como o Wegovy age no organismo
A semaglutida do Wegovy faz parte dos agonistas do GLP-1, uma classe de medicamentos que imita um hormônio que o próprio corpo produz após comer.
O GLP-1 atua em vários pontos ao mesmo tempo:
- envia sinal de saciedade ao cérebro;
- reduz a fome — especialmente aquela fome “mental” que aparece mesmo sem necessidade fisiológica;
- retarda o esvaziamento gástrico, prolongando a sensação de estar satisfeito;
- melhora a resposta do corpo à glicose.
O conjunto desses efeitos muda o padrão alimentar de forma consistente.
Não é “força de vontade turbinada”: é o cérebro recebendo sinais hormonais diferentes.
Isso não elimina totalmente o esforço, mas reduz a sensação de guerra constante com o próprio apetite — algo muito citado em relatos clínicos.
O que dizem os estudos: números que ajudam a entender o impacto
A maior parte das evidências vem dos estudos STEP, que analisaram especificamente a semaglutida 2,4 mg: a mesma usada no Wegovy.
STEP 1: perda média de 14,9%
Adultos sem diabetes usando a dose final de 2,4 mg perderam, em média:
- 14,9% do peso corporal após 68 semanas
Enquanto o grupo placebo perdeu apenas 2,4%.
Outros dados importantes:
- 83% perderam pelo menos 5% do peso;
- Cerca de 1/3 perdeu 20% ou mais.
STEP 5: efeito sustentado por 2 anos
Após 104 semanas, a perda de peso se manteve muito superior à do grupo placebo.
Dados da prática clínica
Um estudo retrospectivo dos Estados Unidos, com a mesma dose de 2,4 mg usada para controle de peso, encontrou perda média de 20,4% após 24 meses.
Esses resultados chamam atenção, mas é fundamental lembrar:
- são médias;
- cada organismo responde de forma diferente;
- todos os estudos incluíram orientação nutricional e atividade física.
Wegovy funciona sozinho? Não, e isso é importante
Um ponto que gera confusão é a expectativa de que o medicamento “faça tudo”. Ele não substitui mudanças de estilo de vida, mas facilita que elas aconteçam — porque lida com mecanismos biológicos da fome, não apenas com comportamento.
A diretriz brasileira da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) de 2025 reforça:
A obesidade é uma doença crônica e o tratamento precisa ser contínuo, individualizado e combinado com mudanças comportamentais.
Por que acompanhamento médico não é opcional
Mesmo com tanta popularidade, existem motivos clínicos para não usar o Wegovy sem orientação.
1. Indicação correta
O medicamento não serve para qualquer pessoa que quer “perder uns quilos”. O médico avalia IMC, histórico, riscos e presença de comorbidades.
2. Contraindicações
Histórico de câncer medular de tireoide, síndromes genéticas específicas, pancreatite prévia: tudo isso precisa ser analisado.
3. Ajuste de dose e efeitos colaterais
Náusea, desconforto abdominal e alterações intestinais são relativamente comuns, especialmente sem titulação adequada. Um profissional sabe ajustar velocidade, pausas e adaptações.
4. Manutenção a longo prazo
Quando o uso é interrompido sem mudanças de hábito consolidadas, o peso tende a voltar, fenômeno bem descrito em estudos de acompanhamento.
O medicamento abre uma janela de oportunidade. O que sustenta o resultado é a combinação de hábitos, tratamento contínuo e acompanhamento.
Para saber se há indicação de algum tratamento para emagrecer, a Voy Saúde disponibiliza acesso a médicos para uma avaliação online no site www.voysaude.com.



