
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. O uso de medicamentos para emagrecimento deve ser feito somente com prescrição e acompanhamento médico. A automedicação pode causar efeitos adversos e riscos à saúde.
Se você está pensando em começar o Mounjaro (tirzepatida) para emagrecer, é natural querer entender exatamente o que pode acontecer com seu corpo nas primeiras semanas e ao longo do tratamento. Não é para assustar — é para informar com base científica, para que você se sinta seguro e preparado.
A tirzepatida foi aprovada no Brasil pela ANVISA em 2023 para diabetes tipo 2, e em 2025 também ganhou indicação para obesidade. Essa decisão não veio “no escuro”: milhares de pessoas participaram das pesquisas que construíram todo o conhecimento que temos hoje.
E é justamente esse conjunto de estudos — especialmente o SURMOUNT‑1, com 2.539 participantes — que nos permite entender com clareza quais efeitos colaterais são mais comuns, quais são mais raros e o que você realmente pode esperar na prática.
Náusea: o efeito colateral mais comum
A náusea é, de longe, o sintoma mais citado por quem usa Mounjaro. Isso não significa que todo mundo vai sentir — mas significa que ela é a campeã de frequência.
O que acontece no corpo? A tirzepatida diminui a velocidade com que o estômago esvazia. Isso ajuda a reduzir o apetite, mas também pode gerar aquela sensação de “estômago cheio demais”.
O que dizem os estudos?
No SURMOUNT‑1, a frequência de náusea foi:
- 5 mg: 24,6%
- 10 mg: 33,3%
- 15 mg (dose máxima): 31,0%
- Placebo: 7%
Ou seja, se colocarmos 100 pessoas usando a dose máxima, cerca de 31 sentirão náusea em algum momento — e a grande maioria de forma leve a moderada.
Dura para sempre? Não. Os sintomas aparecem principalmente nas 8 a 12 primeiras semanas, quando as doses estão aumentando, com pico entre as semanas 5 e 8. Depois disso, o corpo se ajusta e a maioria das pessoas apresenta melhora.
Descontinuação: Apenas 4 a 7% das pessoas interromperam o tratamento por náusea persistente. Ou seja, para a maioria, é um desconforto transitório e manejável.
Vômito e diarreia: outros sintomas gastrointestinais comuns
Se a náusea já deu as caras, é normal se perguntar: e o resto do sistema digestivo? Pois é, algumas pessoas também podem sentir vômitos, diarreia ou até constipação. Cada intestino reage de um jeito, e isso não significa que algo está errado — é só o corpo se ajustando à tirzepatida.
O que mostram os estudos (dose máxima, SURMOUNT‑1)?
- Vômitos: 12,2% (placebo: 2%)
- Diarreia: 23% (placebo: 8%)
- Constipação: 11,7% (placebo: 4%)
Assim como a náusea, esses sintomas costumam aparecer no início do tratamento e tendem a melhorar conforme a dose estabiliza. Raramente levam à interrupção do medicamento, e a boa notícia é que há várias formas de minimizar o desconforto — e é sobre isso que falamos a seguir.
Efeitos graves, mas raros: o que você realmente precisa saber
Depois de falar dos sintomas mais comuns, vale a pena separar um momento para os efeitos mais sérios, porém raros. Não é para assustar, mas sim para que você saiba quando é hora de agir rápido.
Pancreatite aguda
É um evento raro, mas importante de conhecer. Nos estudos clínicos, cerca de 0,2% das pessoas desenvolveram pancreatite. Quem já teve pancreatite antes tem risco maior, e por isso alguns médicos preferem evitar o medicamento nesses casos.
Sintomas de alerta:
- Dor abdominal intensa que irradia para as costas
- Náusea e vômitos fortes
- Febre associada à dor
Se algum desses sintomas aparecer, procure atendimento médico imediatamente.
Doença da vesícula biliar
A perda de peso rápida, seja com dieta ou medicação, pode aumentar o risco de cálculos biliares. É raro, mas vale ficar de olho.
Sintomas de alerta:
- Dor no lado direito do abdome, especialmente após refeições gordurosas
- Náuseas ou vômitos
- Febre
Como reduzir os efeitos colaterais na prática
A boa notícia é que existem estratégias simples para tornar o início do tratamento muito mais confortável. Com pequenas mudanças, você consegue continuar firme e perder peso com segurança:
- Aumentar a dose devagar: O protocolo padrão sobe 2,5 mg a cada 4 semanas. Alguns médicos preferem intervalos maiores (6 semanas), diminuindo o desconforto.
- Ajustes na alimentação:
- Divida as refeições ao longo do dia
- Evite frituras e pratos muito gordurosos nas primeiras semanas
- Coma devagar e pare assim que sentir saciedade
- Hidratação reforçada: Especialmente se houver vômitos ou diarreia. Fique atento a sinais de desidratação, como tontura ou urina escura.
- Antieméticos, se necessário: Medicamentos como ondansetrona podem ser usados pontualmente, sempre com prescrição médica.
Com essas estratégias, a maioria das pessoas consegue tolerar Mounjaro bem desde o início.
Quem não deve usar Mounjaro: contraindicações e situações que exigem cautela
Nem todo mundo, mesmo com o IMC indicado pode usar o Mounajro, mais um motivo para reforçar a obrigatoriedade da prescrição médica. É importante que o médico entenda seu histórico de saúde para saber se você está no grupo que precisa evitar o medicamento ou ter acompanhamento mais rigoroso.
Contraindicações absolutas
- História pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide (CMT)
- Síndrome de Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2 (NEM 2)
- Gestantes ou lactantes
- Alergia conhecida à tirzepatida ou a qualquer componente da fórmula
Situações que exigem avaliação cuidadosa
Nem sempre significa que não pode usar, mas precisa de acompanhamento médico:
- Pancreatite prévia
- Doença ativa da vesícula biliar
- Refluxo gastroesofágico grave
- Insuficiência renal avançada
Quando procurar atendimento imediatamente
Mesmo sendo raro, existem sinais que não podem ser ignorados. Se algum desses aparecer, procure atendimento médico urgente:
- Dor abdominal intensa e contínua
- Vômitos persistentes
- Febre associada à dor abdominal
- Distensão abdominal importante
- Tontura ou mal-estar intenso
- Confusão mental
- Urina escura ou em pouca quantidade
- Coceira intensa, inchaço facial ou dificuldade para respirar (anafilaxia)
Conclusão: segurança no tratamento com Mounjaro ajuda a chegar ao resultado
Usar Mounjaro pode transformar sua saúde de forma profunda e duradoura. Estudos mostram perdas de peso expressivas, melhora metabólica, reversão de diabetes e redução de risco cardiovascular. Mas isso não significa ignorar os riscos.
O ponto principal:
- A maior parte dos efeitos colaterais é leve, previsível e manejável.
- Os riscos graves são raros e quase sempre evitáveis com acompanhamento adequado.
No fim das contas, emagrecimento sustentável não é só sobre números na balança. É sobre viver melhor e com autonomia sobre a sua saúde. Mounjaro pode ser uma ferramenta poderosa, mas deve ser usado com critério.
Para saber se existe indicação real para tratar obesidade ou sobrepeso com medicamentos, a Voy Saúde disponibiliza avaliação médica online e acompanhamento completo: voaysaude.com



