Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. O uso de medicamentos para emagrecimento deve ser feito somente com prescrição e acompanhamento médico. A automedicação pode causar efeitos adversos e riscos à saúde.
Se você começou a pesquisar sobre Mounjaro e outros medicamentos para emagrecimento, provavelmente percebeu que muita informação circula por aí. Por isso, vale organizar o que a ciência realmente sabe até agora, de um jeito claro, direto e útil para quem convive com obesidade.
A tirzepatida tem chamado atenção porque chegou ao Brasil como uma das opções mais promissoras para reduzir peso e melhorar saúde metabólica.
Mas antes de entender resultados, riscos ou doses, é importante lembrar que obesidade é uma doença crônica, com componentes hormonais e genéticos que tornam o processo de emagrecer muito mais complexo do que “fechar a boca”.
É justamente nessa lacuna que o Mounjaro atua — sempre sob prescrição médica e retenção de receita, é claro.
O que é Mounjaro e por que ele se tornou tão relevante
Nos últimos anos, vários medicamentos surgiram como ferramentas para ajudar no tratamento da obesidade. Entre eles, o Mounjaro — nome comercial da tirzepatida — ganhou destaque por atuar em duas frentes metabólicas ao mesmo tempo.
Para entender por que isso importa, pense no seguinte: o corpo de quem vive com obesidade costuma enviar sinais confusos de fome e saciedade.
A tirzepatida ajuda a “recalibrar” esses sinais ao imitar dois hormônios naturais, GIP e GLP-1. É essa combinação que explica os resultados expressivos observados nos estudos.
Nos ensaios clínicos, a dose máxima levou a uma redução média de 20,9% do peso corporal — números raros sem cirurgia.
Como a tirzepatida age no corpo
Para quem nunca usou um medicamento injetável para emagrecer, o mecanismo pode parecer abstrato. Mas a lógica é mais simples do que parece.
Depois da aplicação semanal, a tirzepatida atua em regiões do cérebro e do trato gastrointestinal que regulam fome e saciedade. Isso não “desliga” o apetite, mas torna o processo de comer mais alinhado ao que o corpo realmente precisa.
O efeito se traduz em menos fome ao longo do dia, saciedade que dura mais (e naturalmente reduz a ingestão calórica), melhora da sensibilidade à insulina e digestão um pouco mais lenta, o que ajuda a evitar picos de glicose.
Ou seja: é uma ação mais ampla do que a observada em medicamentos que atuam apenas via GLP-1, como a semaglutida (Wegovy).
O que os estudos mostram (e por que eles importam)
Ao avaliar medicamentos para obesidade, o ideal é olhar para pesquisas longas e com muitos participantes. É exatamente isso que os estudos SURMOUNT oferecem.
No SURMOUNT-1, um dos maiores estudos já feitos com tirzepatida para emagrecimento, os mais de 2.500 participantes não tomaram apenas o medicamento: todos seguiram o protocolo padrão de mudança de estilo de vida, com dieta orientada, acompanhamento regular com profissionais de saúde e escalonamento lento das doses — como acontece na prática clínica.
Os resultados após 72 semanas falam por si:
- 5 mg → perda média de 15%
- 10 mg → 19,5%
- 15 mg → 20,9%
Mais da metade das pessoas alcançou perdas comparáveis às de cirurgias bariátricas menos invasivas. E, em estudos com diabetes tipo 2, a tirzepatida demonstrou desempenho superior à semaglutida — um dos motivos pelos quais ela se tornou uma das opções mais promissoras no tratamento da obesidade, embora ainda faltem estudos diretos comparando as duas especificamente para perda de peso.
Em resumo: o SURMOUNT-1 não prova que “a tirzepatida sozinha faz isso”, e sim que o tratamento funciona melhor quando o medicamento vem acompanhado de orientação nutricional, atividade física e acompanhamento adequado — exatamente o modelo usado na vida real.
Uso contínuo: parar a medicação faz o peso voltar?
Essa talvez seja a dúvida mais comum de todas: “Vou precisar usar para sempre?”. A ciência responde.
Quando pesquisadores analisaram o que acontece ao interromper a tirzepatida (estudo SURMOUNT-4), o padrão se repetiu: quem manteve o medicamento continuou emagrecendo; quem parou recuperou parte significativa do peso perdido — cerca de 14% em média.
Estamos falando de uma condição crônica, que funciona de forma parecida com hipertensão: suspender o tratamento significa perder o efeito terapêutico.
Doses e escalonamento: como o tratamento começa na prática
Para quem está pensando em iniciar, vale saber que o ritmo da escalada de doses é parte fundamental do processo.
O Mounjaro segue um protocolo gradual — validado nos estudos SURMOUNT e aprovado pela Anvisa. A ideia é subir a dose aos poucos para o corpo se acostumar, reduzindo efeitos colaterais e facilitando a adaptação. Sempre com supervisão médica, claro.
O protocolo geralmente segue assim:
- 2,5 mg → semanas 1–4
- 5 mg → semanas 5–8
- 7,5 mg → semanas 9–12
- 10 mg → semanas 13–16
- 12,5 mg → semanas 17–20
- 15 mg → semana 21 em diante
Atualmente, no Brasil, estão disponíveis até 10 mg. As doses maiores já foram aprovadas, mas ainda não chegaram ao mercado.
Efeitos colaterais: o que esperar nas primeiras semanas
Reações no local da aplicação são pouco comuns, mas podem ocorrer, principalmente no início: vermelhidão leve, coceira ou hematoma discreto. A maioria é autolimitada e melhora sozinha, especialmente quando a técnica está correta e há rotação dos pontos.
Entre os efeitos gerais mais comuns estão: náusea, diarreia, constipação, gases, arrotos, refluxo e fadiga. A maior parte é leve e melhora em poucos dias, sem necessidade de interromper o tratamento. Menos de 5% das pessoas suspendem o medicamento por causa dos efeitos colaterais.
Sinais de alerta são raros, mas exigem avaliação imediata: reação alérgica (inchaço, urticária, dificuldade para respirar), dor abdominal intensa e contínua, vômitos que impedem hidratação ou sintomas de hipoglicemia — especialmente em diabéticos que usam outros medicamentos. Se notar qualquer um deles, suspenda a medicação e procure atendimento.
Efeitos mais raros, como pancreatite ou problemas na vesícula, exigem acompanhamento médico — motivo pelo qual a tirzepatida jamais deve ser usada sem prescrição.
O medicamento promete, mas não entrega tudo sozinho
O Mounjaro impressiona pela eficácia, pelo mecanismo duplo (GLP-1 + GIP) e pela quantidade de estudos que comprovam seus resultados — mas ele não é solução completa sozinho.
Sem diagnóstico correto e acompanhamento médico contínuo, o risco é usar a dose errada, tratar o problema errado ou lidar com efeitos adversos evitáveis.
Quando o medicamento é combinado com alimentação estruturada, atividade física adaptada e um plano clínico personalizado, ele deixa de ser apenas uma “injeção para emagrecer” e se torna uma das ferramentas mais poderosas para o tratamento da obesidade de forma segura, eficaz e duradoura.
Para saber se há indicação de algum tratamento para emagrecer, a Voy Saúde disponibiliza acesso a médicos para uma avaliação online no site www.voysaude.com.
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