
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. O uso de medicamentos para emagrecimento deve ser feito somente com prescrição e acompanhamento médico. A automedicação pode causar efeitos adversos e riscos à saúde.
Nos últimos anos houve avanços importantes no tratamento farmacológico da obesidade. Entre eles está a tirzepatida — princípio ativo do Mounjaro — inicialmente desenvolvida para diabetes tipo 2 e, depois, estudada extensivamente para perda de peso.
Os ensaios clínicos do programa SURMOUNT mostraram resultados expressivos: em 72 semanas, as médias de perda de peso observadas foram aproximadamente 15% (5 mg), 19,5% (10 mg) e 20,9% (15 mg) nas doses testadas. Esses números ajudam a explicar por que a tirzepatida se tornou uma opção tão comentada na clínica e na mídia.
Mas atenção: os resultados dos estudos vêm de protocolos que incluem acompanhamento clínico e mudanças de estilo de vida, e por isso os médicos usam um escalonamento de dose cuidadoso para equilibrar eficácia e segurança.
Por que começar com 2,5 mg?
O esquema inicial padrão é 2,5 mg por semana nas primeiras 4 semanas, seguido de aumentos a cada 4 semanas conforme tolerância. Começar baixo tem dois objetivos claros:
- Reduzir efeitos gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia), que são mais frequentes quando a dose sobe rápido;
- Diminuir a chance de descontinuação do tratamento por intolerância.
Análises e relatos dos ensaios mostram que a titulação gradual melhora a tolerabilidade e ajuda mais pacientes a permanecerem no tratamento até atingir doses eficazes.
Importante: sempre siga a orientação do seu médico — só ele pode ajustar o ritmo de aumento de dose conforme sua resposta e segurança.
Protocolo de escalonamento (exemplo prático)
Para quem está iniciando o tratamento, é comum ter dúvidas sobre como funciona a progressão das doses.
A tirzepatida segue um esquema gradual justamente para reduzir efeitos colaterais e permitir que o corpo se adapte. Abaixo, você encontra um exemplo prático do protocolo usado nos estudos e aplicado na rotina clínica — lembrando que apenas o médico pode definir seu ritmo ideal.
- Semanas 1–4: 2,5 mg/semana (fase de adaptação)
- Semanas 5–8: 5 mg/semana
- Semanas 9–12: 7,5 mg/semana
- Semanas 13–16: 10 mg/semana
- Semanas 17–20: 12,5 mg/semana (opcional, conforme tolerância)
- Semana 21 em diante: 15 mg/semana (dose máxima testada)
Nem todo paciente precisa chegar à dose máxima — a meta é encontrar a maior dose bem tolerada que gere benefício clínico. Além disso, no Brasil, a disponibilidade comercial de apresentações varia – atualmente não existem no mercado as doses 12,mg e 15mg; confirme com seu médico e na farmácia quais doses estão à venda.
Ajustes individuais: quando o médico desacelera ou pausa a titulação
Mesmo seguindo um protocolo padrão, a titulação da tirzepatida não é rígida. Cada organismo reage de um jeito, e por isso o médico pode ajustar o ritmo — diminuindo, mantendo por mais semanas ou até regredindo uma dose — sempre que a resposta clínica indicar que é o caminho mais seguro.
- Náusea/vômito persistente que comprometa hidratação e peso corporal;
- Perda de peso muito rápida com risco de perda de massa magra;
- Sintomas que indiquem desidratação ou alterações na função renal;
- Reação adversa importante que exija redução temporária da dose.
O médico pode manter a dose atual por mais semanas até a melhora ou reduzir temporariamente se necessário.
Segurança: o que os estudos mostram
Os efeitos gastrointestinais são os mais comuns e tendem a ser transientes, concentrados no início do tratamento.
Eventos adversos graves (como pancreatite ou doenças da vesícula) foram relatados em baixas taxas nos estudos, mas requerem vigilância médica — por isso a importância do acompanhamento.
Estudos de continuidade (por exemplo, SURMOUNT-4) também mostraram que interromper a tirzepatida frequentemente leva a recuperação de parte do peso perdido, o que reforça que obesidade é uma condição crônica e que a manutenção do tratamento ou um plano de manutenção robusto são pontos a discutir com seu médico.
Conclusão: a dose ideal é a dose prescrita pelo médico
O escalonamento gradual — começando em 2,5 mg e aumentando a dose aproximadamente a cada 4 semanas — é hoje o padrão recomendado porque reduz significativamente os efeitos gastrointestinais, melhora a adaptação do organismo e diminui as interrupções do tratamento, algo comprovado nos estudos clínicos.
A dose ideal não é necessariamente a mais alta, e sim aquela em que o paciente alcança boa perda de peso com tolerância adequada. Em muitos casos, isso ocorre entre 7,5 mg e 10 mg — e apenas uma parte dos pacientes realmente precisa chegar às doses máximas testadas nos ensaios clínicos.
O papel do médico é central durante todo o processo. É ele quem avalia segurança, evolução do peso, sinais de intolerância, hidratação, função renal e composição corporal, ajustando o protocolo conforme necessário — seja avançando, desacelerando ou até retrocedendo a dose.
Por fim, é essencial lembrar que os resultados expressivos observados nos estudos (15% a 21% de redução do peso em 72 semanas) foram obtidos dentro de programas estruturados, com monitoramento frequente e recomendações de alimentação, atividade física e comportamento alimentar. O medicamento ajuda muito, mas não substitui o conjunto de cuidados que tornam a perda de peso mais sustentável e segura.



