
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. O uso de medicamentos para emagrecimento deve ser feito somente com prescrição e acompanhamento médico. A automedicação pode causar efeitos adversos e riscos à saúde.
Se você pesquisou sobre Ozempic recentemente, provavelmente já viu discussões sobre novas exigências para compra. A confusão é compreensível, as regras mudaram em 2025, e nem todo mundo acompanhou.
A resposta curta: sim, Ozempic precisa de receita médica. Sempre precisou, na verdade. Mas agora o controle ficou mais rigoroso.
Segue o texto que a gente explica.
Ozempic precisa de receita médica?
Sim. O Ozempic é um medicamento de tarja vermelha, o que significa que sua venda sempre exigiu prescrição. A diferença é que, desde 23 de junho de 2025, a ANVISA tornou obrigatória a retenção da receita pela farmácia, um modelo similar ao que já existe para antibióticos.
Na prática, você precisa de uma receita em duas vias. Uma fica com a farmácia. A outra volta com você. Além disso, tem a validade, depois de prescrita, a receita vale por 90 dias a partir da data de emissão.
Não é burocracia, é uma questão de saúde pública.
Por que a ANVISA passou a exigir retenção de receita
O Ozempic (e outros medicamentos para emagrecer) ganharam muito alcance com a internte, ou seja, viralizou. Redes sociais, grupos de WhatsApp, celebridades, todo mundo parecia estar usando ou querendo usar. O problema: nem todo mundo tinha indicação médica.
Até setembro de 2024, a ANVISA havia registrado 1.165 notificações de uso indevido de semaglutida e liraglutida. Um relatório técnico da agência apontou que 32% das notificações de eventos adversos estavam associadas ao uso fora das indicações previstas em bula, ou seja, pessoas usando sem avaliação médica adequada, muitas vezes apenas para fins estéticos.
O que dizem as sociedades médicas
A mudança não veio só da ANVISA. Em dezembro de 2024, a ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia emitiram uma carta aberta apoiando a nova regulamentação. O argumento: a popularização dos agonistas de GLP-1 para fins estéticos estava colocando a saúde das pessoas em risco.
O consenso entre especialistas é claro, esses medicamentos têm indicações específicas e precisam de acompanhamento.
Como funciona a receita para Ozempic
A receita para Ozempic é a chamada "receita branca com retenção". Duas vias idênticas, preenchidas pelo médico. Pode ser um endocrinologista (o mais comum), mas clínicos gerais também podem prescrever após avaliação adequada. O documento segue o modelo estabelecido pela RDC nº 973/2025 e IN nº 360/2025, publicadas pela ANVISA em abril de 2025.
A validade e retenção na farmácia e de noventa dias. Esse é o prazo de validade da receita, contado a partir da data de emissão. Na hora da compra, a farmácia retém a primeira via e devolve a segunda para você.
A embalagem do medicamento também mudou, agora deve conter uma faixa vermelha com a frase: "VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA".
Receita digital é aceita?
Sim. A ANVISA aceita receitas eletrônicas com assinatura digital certificada ou QR Code. Desde que seja totalmente preenchida de forma eletrônica (sem campos para preenchimento manual), a receita digital vale em todo o território nacional. Uma facilidade para quem faz consultas online.
Por que o acompanhamento médico é importante
Aqui está o ponto que muita gente pula: Ozempic não é um medicamento para tomar por conta própria e ver o que acontece.
A semaglutida age imitando o GLP-1, um hormônio que regula apetite e insulina. É potente, e como qualquer medicamento desse calibre, tem efeitos colaterais: náusea, vômito, diarreia são os mais comuns, geralmente leves e temporários, mas efeitos mais sérios (como pancreatite) existem, ainda que raros.
Sendo assim, o acompanhamento médico e nutricional serve para várias coisas:
- Avaliar se o medicamento é indicado para você (nem todo mundo é candidato).
- Ajustar a abordagem conforme sua resposta.
- Monitorar efeitos adversos antes que se tornem problemas maiores.
- Garantir que a perda de peso aconteça de forma saudável, sem perda excessiva de massa magra.
Tem outro ponto que pouca gente menciona: o risco de efeito rebote. Se o medicamento for interrompido de forma inadequada, sem mudanças de hábitos estabelecidas, o peso tende a voltar. O médico ajuda a planejar essa transição.
A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, é enfática: o acompanhamento médico é indispensável enquanto estiver usando o medicamento.
O que você precisa saber sobre semaglutida manipulada
Uma pergunta que aparece com frequência: "Não dá pra comprar manipulado, que sai mais barato?"
Não. A ANVISA proibiu a manipulação de semaglutida em agosto de 2025. O motivo é técnico: a semaglutida disponível no Brasil é um produto biotecnológico. Não existe IFA (insumo farmacêutico ativo) sintético registrado para manipulação.
Na prática, isso significa que qualquer "semaglutida manipulada" sendo vendida por aí não tem respaldo legal, e você não tem como saber o que realmente está naquele frasco.
A regra é simples: apenas o produto biotecnológico registrado (Ozempic, Wegovy) pode ser comercializado. Farmácias de manipulação não podem produzir semaglutida.



