
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. O uso de medicamentos para emagrecimento deve ser feito somente com prescrição e acompanhamento médico. A automedicação pode causar efeitos adversos e riscos à saúde.
Quando a semaglutida injetável ganhou atenção pelo potencial de auxiliar na perda de peso, uma pergunta surgiu quase imediatamente: existe uma versão em comprimido?
A ideia de um tratamento oral para emagrecimento ou controle glicêmico é atraente, mas a realidade é um pouco mais complexa do que simplesmente “a versão em pílula do Ozempic”.
Sim, existe semaglutida em comprimido, mas sua indicação, eficácia e até disponibilidade são diferentes da forma injetável. Então, antes de concluir que se trata da “mesma coisa, só que em cápsula”, vale entender como ela age, para quem faz sentido e quais são as limitações, especialmente no cenário brasileiro, onde as regras da ANVISA e a disponibilidade comercial influenciam bastante o acesso.
A seguir, explicamos como funciona a semaglutida oral, o que os estudos mostram, quais as diferenças para as versões injetáveis e o que considerar antes de optar por qualquer forma do medicamento.
Vamos lá!
O que é a semaglutida em comprimido?
A semaglutida em comprimido é a forma oral de um medicamento da classe dos agonistas do receptor GLP-1: a mesma utilizada em tratamentos como Ozempic® e Wegovy®, porém com indicação diferente.
No Brasil, essa versão é comercializada sob o nome Rybelsus®, aprovado pela ANVISA e disponível desde 2022 para o tratamento do diabetes tipo 2. Mas, embora faça parte da mesma classe terapêutica, esse medicamento não é igual ao Ozempic.
Isso acontece porque a forma como o corpo absorve o comprimido é diferente da injetável: e isso muda a eficácia, a dose e até como o medicamento deve ser tomado. A maior diferença está justamente aí: transformar uma molécula grande como a semaglutida em algo que o corpo consiga absorver pelo sistema digestivo não é fácil.
Como a semaglutida oral age no corpo
O GLP-1 é um hormônio produzido pelo intestino logo após a refeição. Ele participa daquele sistema interno que diz ao cérebro: “já deu, pode parar de comer”.
A semaglutida, seja oral ou injetável, imita esse hormônio. Ela se liga aos receptores de GLP-1 no cérebro, reduzindo a fome e prolongando a saciedade. Também retarda o esvaziamento gástrico, fazendo com que o alimento permaneça mais tempo no estômago. Na prática, isso ajuda a comer menos sem a sensação de esforço ou auto-controle o tempo todo.
Por que a versão em comprimido exige cuidados específicosA absorção da semaglutida oral é muito mais sensível do que a da versão injetável. Comida, outros medicamentos e até a quantidade de água podem interferir no quanto o organismo realmente absorve.
Para contornar isso, o comprimido contém um componente chamado SNAC, que age como um facilitador. Ele cria um ambiente no estômago que permite que a molécula (grande e difícil de absorver) atravesse a barreira estomacal e entre no organismo. Sem esse mecanismo, o comprimido praticamente não funcionaria.
Por causa dessa absorção mais complexa, os estudos clínicos seguiram regras rígidas de administração (como tomar em jejum, com pouca água e esperar antes de comer). Quando o médico prescreve a versão oral, ele orienta exatamente como encaixar o uso na rotina, e essas instruções fazem diferença real para que o medicamento funcione como esperado.
Semaglutida oral e perda de peso: o que dizem os estudos
Aqui está o cenário atual: a semaglutida oral, nas dosagens comercialmente disponíveis no Brasil, foi estudada principalmente para diabetes tipo 2. Nesses estudos, como o PIONEER 4, houve perda de peso, mas ela foi menor do que a observada com a versão injetável em doses mais altas.
Porém, um estudo mudou a conversa. O OASIS 1, publicado no The Lancet em 2023, testou uma dosagem maior de semaglutida oral (ainda não disponível comercialmente) em pessoas com sobrepeso ou obesidade, sem diabetes. Os resultados:
- Redução média de 15,1% do peso corporal em 68 semanas
- 85% dos participantes perderam pelo menos 5% do peso
- 54% perderam 15% ou mais
Esses números se aproximam dos resultados da semaglutida injetável. Mas, e isso é importante, essa dosagem específica ainda não está disponível no mercado brasileiro.
Qual a diferença entre semaglutida comprimido e injetável?
Essa é uma das dúvidas mais comuns nos consultórios. A tabela abaixo resume:
*Wegovy® está aprovado para obesidade; Ozempic® para diabetes tipo 2.
O mecanismo é o mesmo. A molécula é a mesma. O que muda é como ela chega ao corpo, e, consequentemente, a biodisponibilidade.
Estudos comparativos sugerem que, nas dosagens atualmente comercializadas, a versão injetável tende a produzir maior perda de peso. Isso não significa que o comprimido "não funciona", significa que os perfis são diferentes, e a escolha depende de uma avaliação médica individualizada.
Segundo dados da SBEM-SP, tratamentos com semaglutida podem resultar em perda média de 16% do peso corporal, mas essa resposta varia de pessoa para pessoa.
O que considerar antes de buscar tratamento
A semaglutida (injetável ou oral) não é um medicamento de prateleira. Desde abril de 2025, a ANVISA exige receita em duas vias com retenção, reforçando que o uso precisa de acompanhamento médico.
E é justamente o médico quem define se o tratamento faz sentido para você. Isso porque nem todo mundo pode usar. Histórico de pancreatite, certos tipos de câncer de tireoide e algumas condições gastrointestinais podem contraindicar o medicamento. Vale para a versão injetável e oral.
Além disso, tanto a versão oral quanto a injetável podem causar efeitos colaterais, e a resposta ao tratamento varia bastante de pessoa para pessoa.
Por isso, o acompanhamento médico não é detalhe: é ele que ajusta as doses, orienta a rotina e determina se a semaglutida, em qualquer formato realmente é a melhor opção para o seu caso.
Para saber se há indicação de algum tratamento para emagrecer, a Voy Saúde disponibiliza acesso a médicos para uma avaliação online no site www.voysaude.com.



